Um mestre andava preocupado com o comportamento de um dos seus discípulos, que tinha o mau hábito de criticar publicamente os colegas, inventando boatos e mentiras. As palavras imprudentes daquele discípulo eram fonte de grandes conflitos.
Num dia ventoso o mestre convidou-o a fazer uma caminhada. E pediu-lhe que transportasse um saco às costas. Caminharam, em silêncio, até ao castelo da cidade. O João estranhou que o saco fosse tão leve, mas não fez perguntas.
Na torre mais alta do castelo o mestre ordenou:
– Abre o saco e deita fora o seu conteúdo.
O discípulo obedeceu. Viu que se tratava de um saco cheio de penas, que voaram para longe, ao sabor do vento. Passado pouco tempo, recebeu nova ordem:
– Desce e recolhe todas as penas, uma por uma, e volta a colocá-las no saco vazio.
O discípulo tentou perceber para onde tinham voado as penas e concluiu depressa:
– É impossível fazer o que me pede.
Então o mestre afirmou:
– As penas são como as tuas palavras imprudentes.
– O que quer dizer com isso?
– Não podes recolher as penas que voaram com o vento nem podes voltar atrás com as palavras que saíram da tua boca e espalharam boatos e mentiras sobre os teus colegas. O mal está feito. Pensa, antes de falar.
Recordei-me deste conto a propósito do Papa Francisco ter classificado recentemente “a coscuvilhice” como um acto terrorista, alegando que a “má-língua” é como uma faca que mata.
“É grave viver com comunicações não autênticas, porque impedem relações recíprocas e amor ao próximo”, ressalvando que “onde há uma mentira, não há amor”.
Sugiro que todas as vezes que nos sentirmos tentados a falar sobre alguém devemos passar a informação pelas 3 peneiras de Sócrates. A saber:
Verdade – Tens certeza de que o que vais contar é absolutamente verdadeiro?
Bondade – O que me vais contar é algo bom ou positivo? Algo que gostarias que outros também dissessem a teu respeito?
Utilidade – A informação é útil? Serve para ajudar alguém ou melhorar alguma coisa?
Se o que tivermos a dizer não for verdadeiro, bom ou útil, então devemos aprender a ficar calados, lembrando-nos que:
Pessoas sábias falam sobre ideias,
Pessoas comuns falam sobre coisas,
Pessoas medíocres falam sobre pessoas.