Quando pensamos em escola, vêm-nos logo à mente números, letras, manuais, testes. Mas quem vive o dia a dia numa sala de aula sabe que, por detrás da matemática e da gramática, há sempre algo maior: emoções.
Uma criança que chega feliz aprende mais rápido. Uma que chega ansiosa ou triste pode ter dificuldade em focar-se.
A verdade é simples: não existe aprendizagem sem emoção.
O que é a educação socioemocional?
É o nome dado ao processo de aprender a reconhecer, compreender e lidar com as próprias emoções — e também a relacionar-se de forma saudável com os outros.
Na prática, é, por exemplo, o que acontece quando ensinamos uma criança a dar nome ao que sente, a respirar fundo antes de reagir ou a reparar quando magoa alguém.
Por que começar cedo?
Quanto mais cedo ajudamos as crianças a compreenderem o que sentem, mais seguras e confiantes elas se tornam para enfrentar desafios. Aprendem a conhecer as suas necessidades através das emoções que sentem, a pedir ajuda, a persistir mesmo quando erram, a relacionarem-se de forma mais assertiva e a confiar que podem sempre recomeçar.
O que acontece quando não o fazemos?
Crianças que crescem sem espaço para expressar emoções podem ter mais dificuldade em gerir conflitos, lidar com frustrações ou manter relações saudáveis.
A curto prazo, vemos distrações, conflitos e baixa motivação.
A longo prazo, podem surgir maiores níveis de ansiedade, dificuldades de socialização e até impacto no sucesso escolar e profissional.
Mas há espaço para isto na escola?
Sim. A educação emocional não tem de exigir blocos de tempo extra (embora fosse ótimo haver uma disciplina de Educação Socioemocional). Contudo, muitas vezes, basta 2 ou 3 minutos de check-in, uma linguagem comum para falar sobre sentimentos, um cartaz na parede que lembra que “ainda não sei… mas vou aprender”, que precisam de parar, pensar e então agir, que há várias formas de se acalmarem quando sentirem essa necessidade,…
São pequenas atitudes, consistentes, que fazem uma enorme diferença.
Ideias simples que mudam rotinas
Para levar a educação emocional para as nossas escolas e salas de aula há várias ideias práticas que podemos desde já colocar em ação:
-
Começar o dia com uma saudação escolhida pela criança (abraço, mais cinco, sorriso).
-
Usar um termómetro emocional na parede para que cada um identifique qual a emoção que o/a acompanha na entrada em sala de aula.
-
Parar 2 minutos após o recreio para respirar fundo antes de retomar a aula.
-
Co-construir regras visuais que lembram respeito, cooperação e calma.
-
Promover atos de bondade semanais: elogiar, ajudar, convidar alguém para brincar.
O que precisamos de saber sobre emoções
É certo que todos nós sentimos emoções, mas nem todos nós nos sentimos preparados para ensinar efetivamente sobre as emoções. Aqui, tal como no programa curricular, precisamos de nos munir de conhecimento e não de senso comum, até porque existem muitas falácias sobre as emoções que não devemos perpetuar se o objectivo é promover um ambiente emocionalmente saudável. Para nos colocarmos neste papel de educadores emocionais. Neste caminho de educação emocional é importante sabermos como base que:
-
Todas as emoções são válidas e legítimas — até as difíceis.
-
Não há “crianças más”, há comportamentos que são pedidos de ajuda.
-
Falar de sentimentos não tira tempo à aprendizagem, abre espaço para ela acontecer.
-
O adulto é o modelo: a forma como lidamos com as nossas emoções (frustração, ansiedade, raiva, inveja, medo, orgulho…) ensina mais do que mil palavras.
Um recurso criado a pensar nas salas de aula
Sabendo como é desafiante incluir tudo isto no dia a dia, criei o Combo “Mala das Emoções – Especial Regresso às Aulas”.
Este combo é um conjunto de recursos visuais e práticos em PDF, prontos a imprimir, que ajudam a integrar a educação emocional de forma simples e natural, sem complicar a rotina.
Inclui cartões de atividades, termómetro emocional, cartazes de regras, estratégias de acalmar, atos de bondade, sinalizadores individuais e muito mais.
Durante este mês de setembro, está disponível por 12€ (o valor agregado seria 30€).
Se sentires que faz sentido para ti e para a tua sala, ou para algum professor/a ou escola que conheças, basta enviares email (emocoesaflordamente@gmail.com
As emoções já estão presentes na escola — quer falemos delas ou não.
A questão é: queremos que os alunos aprendam a escondê-las… ou a lidar com elas de forma saudável?
Dar-lhes ferramentas hoje é preparar o terreno para que cresçam mais confiantes, resilientes e capazes de aprender.