Depressão de domingo à noite. Também a sentes?

depressão

 

Não é que se queira, muito pelo contrário, mas se há dias que sentimos fugirem-nos por entre os dedos, como areia que se aperta na mão, esses dias são o sábado e o domingo.

Se à sexta-feira sentimos aumentar a euforia que antecipa todo o descanso a que nos vamos permitir e os planos que pretendemos desfrutar nas próximas 48 horas, quando se chega ao domingo tendencialmente envolve-nos num misto de depressão e ansiedade. Invade-nos uma angústia e começa a assomar-se uma espécie de corrida contra o tempo que, obviamente, perdemos.

Feito o quadro genérico, não será por acaso que uma percentagem elevada de ataques cardíacos aconteça na noite domingo ou na segunda-feira de manhã. Um estudo do Minnesota State Hospital (de 1969) revelava que ao domingo algumas pessoas apresentam níveis de falta de entusiasmo semelhantes à de pacientes com depressão.

A culpa, no entanto, não é do fim-de-semana, mas sim da eminência da segunda-feira. Malogrado dia que inicia mais uma jornada de cinco dias de trabalho (na generalidade do casos)!

A antecipação que nos faz sobrecarregar a mente com a expectativa do trabalho que nos espera e simultaneamente com o tempo que se julga não se ter aproveitado condignamente, não nos permite carregar no botão de STOP e apreciar as restantes horas do fim-de-semana que deveriam ser dedicadas ao ócio criativo – aquele tempo em que nos perdemos em atividades que nos fazem sair do piloto automático, esvaziar a mente e reorganizarmo-nos mentalmente.

Este ócio de que falo não é o de ficar sentado no sofá a fazer zapping com o comando de TV na mão, numa espécie de alienação. O que se pretende e parece ser o necessário para ultrapassar a sensação de frustração que nos assola ao domingo e que se funde com alguma concepção de desperdício de tempo e culpabilidade por não se ter feito o que se gostaria ou deveria, é aproveitar o tempo de descanso para estimular a mente, lendo aquele livro oferecido há meses ou aquele CD de música que nunca temos tempo para apreciar. Devemos ainda procurar reconectarmo-nos com o nosso equilíbrio vital fazendo exercício físico ou um passeio de lazer na natureza ou mesmo em espaços culturais do nosso interesse.

O espaço para cultivar afetos familiares, amorosos ou entre amigos é igualmente uma boa solução para contornar a depressão de domingo à noite. A gripe que nos visitou neste fim-de-semana não deixou as pequenas tranquilas para se fazer grandes programas fora de casa, mas há sempre um bolo caseiro que se pode fazer em família, bons livros para ler, jogos que as crianças adoram e mil e um desenhos para desenhar e pintar.

Para pararmos de nos ‘pre-ocupar’ com as obrigações da segunda-feira que se avizinha, que tal guardarmos alguns minutos para escrever numa agenda ou caderno as situações que nos estão a inquietar e planear o que é necessário fazermos para que a semana corra de feição? Escritos os problemas e perspetivadas as soluções que estão ao nosso alcance controlarmos já nos podemos ocupar em usufruir do restante tempo de fim-de-semana com outra paz de espírito, baterias efetivamente carregadas e motivação para enfrentar uma nova semana de desafios.

Se nenhuma destas dicas resultar, talvez no próximo fim-de-semana se deva aproveitar para fazer uma análise do que nos insatisfaz na nossa vida e nos rouba tanta energia, inclusive em dias que deveriam servir para nos energizar. E, em vez de utilizarmos essa análise para nos lamuriarmos do quão má a vida é, talvez possamos avaliar as decisões necessárias e dar o primeiro de todos os passos que nos farão realmente sentir felizes e realizados.