É legítimo querermos, enquanto pais, ser mais equilibrados, calmos, assertivos, com auto-controlo. Pais que sabem e aplicam 100% das vezes as ferramentas de uma parentalidade consciente ou disciplina positiva. Mas a verdade é que, por muito legítimo que seja, não somos pais perfeitos, nunca seremos e é desejável que não o tencionemos ser.
Não somos Pais Perfeitos
Somos pais imperfeitos, que têm os seus dias, que erram, que desanimam, se desnorteiam e se enfurecem de quando em vez. E somos os pais que assumem os erros como oportunidades para aprender e ensinar algo com isso, que se desculpam e reparam as situações menos bem conseguidas procurando soluções. Somos pais que procuram aprender mais sobre si mesmos e os seus filhos para fazer mais e melhor quando possível e reforçar o vínculo que nos une. E sabem que mais? É o quanto basta e é tudo quanto os nossos filhos precisam.
Assim, tirem da cabeça essa meta utópica de ser um pai ou mãe perfeitos. Podem achar o contrário, mas não é isso que os nossos filhos precisam. Bem pelo contrário…
Pais que procuram passar uma imagem de perfeição trazem exigências irrealistas às suas crianças e jovens. Não é justo sequer para as crianças conviverem com alguém que não mostra as suas imperfeições e vulnerabilidades, que se encontra num patamar tão inatingível. Afinal, quando estes filhos se sentem imperfeitos e vulneráveis, o que farão com esses sentimentos? Irão sentir-se inadequados, como se houvesse algo de muito errado com eles.
A carga insustentável da perfeição
Então vão constantemente sentir-se nesse lugar de não serem suficientes, de não estar à altura, de não pertencerem ou serem merecedores. Poderão desistir e ter de suportar o olhar de decepção constante. Ou poderão procurar a todo o custo esconder as suas falhas e atingir um modelo de perfeição que nunca será alcançável (e todos nós sabemos isso). Será justo para eles? Tenho a certeza que não. Então porquê colocar esta carga insustentável na vida dos nossos filhos? Porquê desgastar relações e a nossa saúde emocional e dos demais procurando ser apenas o melhor, escondendo o pior, quando podemos baixar a guarda e ser plenos, autênticos e emocionalmente honestos com aqueles a quem mais amamos?
Os nossos filhos e a nossa sociedade precisam de seres humanos que se aceitem tal como são, com o bom e o mau, mas que, ainda assim, não se resignem perante o que não os deixa satisfeitos ou os prejudica.
Aceitar não significa desistir de ser uma pessoa melhor. Significa que abrimos espaço para observar o que somos e o que fazemos e o que podemos fazer para melhorar o que não nos serve. Depois da aceitação o próximo passo é passar à ação, procurando ajuda, mais autoconhecimento e recursos para estar mais consciente e ser mais responsável pelas nossas atitudes ao mesmo tempo que interiorizamos um olhar de compaixão e respeito pelas falhas que existem em todos nós.
Acreditem que os nossos filhos verem-nos como seres perfeitos, não é de todo benéfico. Só traz prejuízo às relações, aumentando a pressão e distanciamento. Quando nos assumimos imperfeitos, sendo emocionalmente honestos, estamos aí sim, a inspirar nos nossos filhos a coragem para viverem uma vida real e plena.