Amo-te Pai!

– Amo-te Pai!

Estas têm sido as palavras que mais ouvi sair da boca da minha filha mais velha nestes últimos dias, imbuída pelo entusiasmo de preparar uma surpresa para celebrar o Dia do Pai. Uma alegria contagiante que a muito, muito custo tem conseguido manter a surpresa sem desvendar o que se trata.

Talvez ainda não compreenda plenamente o tamanho da grandeza do seu gesto repetido ao longo das horas que temos de partilha, gesto esse que repõe o meu depósito de afectos nos níveis máximos de Amor e ganha mais importância do que qualquer lembrança ou presente que me possa oferecer neste dia.

Mas dou por mim a pensar, porque não me lembro de alguma vez ter dito ao meu Pai tão importantes palavras, ou até umas mais simples como um simples Gosto de ti. Não que o meu Pai não saiba o quanto gosto dele, ou o valor que dou aos seus períodos de ausência durante a minha meninice para que me pudesse dar a melhor infância possível.

A sua reserva em expor publicamente os seus afectos também me foi transmitida como sendo um legado importante, talvez procurando não demonstrar o que se entendiam como ‘fraquezas’ (no fundo a nossa vulnerabilidade) ou não banalizar a importância de tão sinceros sentimentos. Nunca foi explicito para mim o motivo certo. Confesso que esta perspectiva também me fez sentido, até ao momento em que assumi o papel da paternidade, que me fez reflectir que uma demonstração dos afectos sincera não é um sinal de fraqueza, mas pelo contrário é um sinal de grandeza.

Assim neste dia, claramente ficarei com o meu depósito de carinho cheio por força das surpresas e dos momentos de partilha com as minhas pequenas pedras preciosas me proporcionarão, mas quero também alimentar o espírito de quem é o grande responsável pela minha existência e boa parte da minha experiência.

– Obrigado, Pai! Amo-te!